sábado, 11 de julho de 2015

O verdadeiro limite é a falta de valor

Hoje vi esse vídeo de Naranjo


e depois li essa entrevista


Haveria muito o que dizer mas, por ora, comento o seguinte, em resposta a uma frase dita por ele:

1 - "Não mudaremos a economia, porque ela representa o poder que quer manter tudo como está."

Não podemos esquecer que a sociedade levou séculos para se estruturar ao ponto em que hoje se encontra. Isso aconteceu naturalmente, através do desenvolvimento do conhecimento humano, que é constante e queremos que evolua sempre.  A mudança é bem-vinda, então não é verdade que se quer, simplesmente, manter tudo como está (conservadores inteligentes devem querer evoluir, o que não tem nada de reacionário). O progresso é bom mas deve haver respeito a muito do que a estrutura hoje existente construiu, pois não se pode minar as bases do que já se alcançou, sob risco de grave desequilíbrio. Estruturas de poder existem, é verdade, mas do jeito como a sociedade se organiza, a hierarquia é necessária. Ocorre que  administrar qualquer coisa é uma atividade decisória, sendo que uma escolha errada (ou um conjunto delas) pode levar ao distanciamento de qualquer objetivo que dependa de decisões, seja da sobrevivência de uma empresa a uma viagem em família. Portanto, em nossa sociedade, a decisão e o conhecimento são muito valiosos. E olhando para a realidade que temos hoje, esse tipo de valor  funcional (diferente do valor humano, que nada tem a ver com o assunto aqui comentado) não é oferecido por qualquer pessoa. Depende de qualidades, como credibilidade, conhecimento, bom senso, inteligência lógica, inteligência emocional e outras. Não podemos negar que as pessoas estão em níveis diferentes de desenvolvimento e a grande maioria não oferece esses valores a contento. O igualitarismo é um delírio (ou, antes, um jogo de marketing) da esquerda; querer afirmar que as pessoas são iguais ou querer programar um tipo de sociedade em que as pessoas o sejam é negar a realidade. Há diferenças claras, algumas pessoas têm bom senso mas não têm conhecimento, outras têm conhecimento mas não têm bom senso, outras são emocionalmente mais instáveis ou por algum motivo não adquirem credibilidade. Infelizmente, não podemos negar que há pessoas com menos condições de tomar decisões que outras. Mas isso não é desejável pela "sociedade conservadora capitalista reacionária de direita", como também não é desejável pela ala revolucionária progressista defensora dos "oprimidos". É ignorância (ou, antes, má-fé) dizer que a direita ou os conservadores querem oprimir os "oprimidos". Não existe uma vontade deliberada para manter embaixo os que estão embaixo, porque isso nem seria necessário. O limite já acontece naturalmente quando uma pessoa não oferece os valores que o sistema exige (credibilidade, bom senso, inteligência etc). É claro que não podemos deixar de reconhecer que existe, infelizmente, por parte dos mais ignorantes, um sentimento de superioridade por estarem numa posição social ou cultural privilegiada, mas isso é questão de ignorância pessoal, não significa que se possa atribuir essa ignorância a toda uma classe. E é aí que entra a psicose classista de atribuir, a um grupo, a característica de alguns indivíduos (mesmo que esses alguns não sejam tão poucos). Existe uma psicose classista também na idéia de que esse número de indivíduos, dotados dessa ignorância pessoal, é maior do que realmente é. Mas não, a ala conservadora "reacionária" de direita é muito mais humanista do que a esquerda insiste em propagar. A questão é que o sistema é rígido, e não vai deixar de ser. Nenhuma empresa jamais deixará de valorizar uma boa decisão. E uma boa decisão jamais deixará de depender de conhecimento, inteligência, bom senso e outras qualidades. Qualidades que, quando não inatas (porque alguns parece que nascem prontos) ou quando não incentivadas/absorvidas por cultura familiar (sim, e esse é um dos valores da família), jamais serão adquiridas sem esforço. O valor e o exercício desse esforço pode ser, talvez, ensinado na escola, possibilitando seu desenvolvimento de fato através de incentivos, desafios e cobranças (sim, porque a vida cobra por si e é bom que aprendam a ser cobrados desde cedo) mas a pedagogia proposta por Claudio Naranjo não parece valorizar essas coisas, o que acho muito perigoso para a sociedade. Aqui notamos uma inversão do entendimento geral de como as coisas se colocam, pois na verdade a direita se preocupa muito mais com a sociedade enquanto a esquerda (aqui personificada em Naranjo) se preocupa muito mais com o indivíduo, quando a propaganda esquerdista revolucionária diz o contrário ao levantar a bandeira do social e arrola para si o termo "Socialismo, quando deveria se chamar "Individualismo coletivista" (paradoxal, mesmo).
A ala conservadora "reacionária" de direita reconhece o esforço como ferramenta para a conquista de qualidades exigidas pelo sistema industrial-comercial (seja ele de inclinação capitalista ou socialista) em que se estrutura a sociedade, não por razões imperialistas ou por amor ao poder, mas porque isso é NECESSÁRIO.  E dessa necessidade vc não foge, nem eu, nem ninguém, pois queremos ser bem servidos, o que não tem nada a ver com a teoria maniqueísta do oprimido/opressor. Quando vc vai ao médico, quer um bom médico; quando chama um eletricista, quer que ele trabalhe bem - ou seja, que conheça as normas da ABNT e outras coisas necessárias ao seu bom trabalho. Negar a necessidade de valor  é negar a realidade e, me perdoe, mas é exatamente isso que os teóricos esquerdistas fazem . Sendo assim, que a pedagogia pregue o amor, que a educação seja cada vez mais humanizada, nada contra. Mas a cobrança e o esforço devem ser valorizados, não foi à toa que a sociedade "conservadora" desenvolveu a "educação bancária"…  é necessário buscar eficiência, pois os conteúdos são vastos e é necessário ensiná-los. Muitas vezes, não pelo conteúdo em si mas pelo exercício mental que o ensino proporciona, que abre possibilidades mentais. Por exemplo, uma pessoa que não tem facilidade natural para se comunicar não articula idéias com facilidade e não argumenta bem em uma conversa sem um bom estudo de análise sintática. Deixar de ensinar isso a uma criança é privá-la de uma possibilidade, pois a dificuldade argumentativa interfere na credibilidade e isso interfere no valor que oferece, ou seja, pode reduzir ou limitar suas chances futuras em sua vida profissional (e até social ou amorosa, dependendo das pessoas com quem queira se relacionar). E sem ter esforço, perde espaço para outros que se esforçam ou que têm facilidade natural (aqueles que parece que nascem prontos). Pode ser ou parecer injusto, mas as coisas são assim e nada vai mudar isso. A sociedade se estrutura em formato de competição, é assim entre os homens e também na natureza. Sendo assim, o verdadeiro limite é a falta de valor.  E uma pegadogia que não valoriza essa idéia é falha. As teorias de Naranjo, até onde pude perceber, são falhas, assim como as de Paulo Freire, porque priorizam demais o indivíduo em detrimento das necessidades da sociedade. Se o que eles pregam for plenamente aplicado (o que, segundo dizem, não funciona na prática), teremos uma geração de pessoas humanizadas e amorosas mas incompetentes para o que a sociedade exige e para o que elas mesmas exigem. Isso seria bem triste...



Um pouco + sobre...

(Meritocracia é isso, gostemos ou não)
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2054

(Meritocracia não é o que muitos dizem...)
https://www.youtube.com/watch?v=kJu5BWsa1_0
Não concordo inteiramente com o Clarion nesse vídeo, pois penso que em parte existe alguma meritocracia, em algum grau e em algum momento. Muitas vezes nunca, também. Há casos e casos. Também não penso que seja tudo em prol do lucro. Às vezes há o interesse em construir ou fazer as coisas acontecerem, até mesmo por orgulho ou vaidade dos agentes que movem a roda; o lucro nem sempre é o único objetivo de todas as empresas e empresários. Também não acho que devamos condenar quem busca o lucro, o que é condenável é a exploração do trabalhador. Mas a conceituação do que significa exploração não é um consenso; daí um pouco que nasce essa polarização entre Direita e Esquerda. Também não posso dizer que explorações não aconteçam, eu nunca disse que o Capitalismo é uma maravilha. Mas também tenho certeza de que não é essa excrescência que a Esquerda tanto alardeia. Meio termo existe para quase tudo.







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